Por Pablo Dias Fortes, na Rede HumanizaSUS
A consciência de si é em si e para si quando e porque ela é em si e para si uma outra consciência de si; isto quer dizer que ela só é enquanto ser reconhecido. (Hegel, citado por Fanon)
Como muitos aqui já conhecem, o termo “ubuntu” se refere a um eixo ancestral da sociabilidade africana. O conceito aponta para a ideia de que a sociedade humana deve ser sustentada com base, sobretudo, na estima recíproca entre seus membros. Essa ideia está sintetizada na máxima zulu umuntu ngumuntu ngabantu (uma pessoa é uma pessoa através de outra pessoa), antecipando filosoficamente a própria noção de “reconhecimento” que está presente, por exemplo, na fenomenologia dialética de Hegel. No livro “Sem perdão não há futuro”, o arcebispo sul-africano Desmond Tutu, Nobel da Paz de 1984, assim resume o seu significado:
“Uma pessoa com Ubuntu está aberta e disponível para outros, apoia os outros, não se sente ameaçada quando outros são capazes e bons, baseada em uma autoconfiança que vem do conhecimento que ele ou ela pertence a algo maior e é diminuída quando os outros são humilhados ou diminuídos, quando os outros são torturados ou oprimidos.”
Com base nesse argumento, gostaria de propor aqui na RHS um experimento ético-afetivo em rede. A proposta é simples. Nos próximos dias, cada um de nós pensará em alguém que tenha sofrido (ou que venha sofrendo) com uma injustiça. Em seguida, fará então um post em sua homenagem. Pode ser uma palavra de apoio, de reconhecimento, qualquer coisa, enfim, que reflita um sentimento de solidariedade a ela ou a ele. Assim, aproveitando também a proximidade do mês da Consciência Negra – que representa no Brasil uma das mais significativas agendas contra a injustiça – teríamos até o próximo dia 20, dia da morte de Zumbi, uma coleção de posts solidários tecendo nosso “colar de contas-lembranças” em nome de tudo que esse autêntico herói brasileiro fez em prol da promoção da justiça.
Quem topa?
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