Em junho de 2012 comecei o meu tratamento com a bomba de infusão de insulina Paradigm 722 da Medtronic, que recebi do SUS via processo judicial, de forma definitiva. Ainda não havia sido lançada no Brasil a VEO, bomba de insulina com suspensão automática da infusão em casos de hipoglicemia, tampouco o sensor enlite que pode ser utilizado com qualquer uma delas.
Assim, o meu monitoramento sempre foi feito através do sof sensor, o primeiro modelo de sensor de glicose intersticial da Medtronic. Demorei cerca de 6 meses até me adaptar completamente a ele, e conhecer na prática todas as suas idiossincrasias, conforme postagens anteriores desta seção "Dicas de bomba de insulina e de sensor".
Quando a VEO começou a ser comercializada no Brasil, em meados de 2014, conversei com meu médico a respeito da troca do modelo de bomba e de sensor, porque mesmo melhorando drasticamente o meu controle glicêmico (a minha hemoglobina glicada antes da bomba ficava em níveis acima de 7,5% e com muitos espasmos hipoglicêmicos, e depois da bomba a glicada se reduziu a menos de 6,5,% e sem hipoglicemias graves), a minha glicemia costuma cair de madrugada, período de pior desempenho do sensor.
Na ocasião ele me alertou acerca da real eficácia do novo sensor, questionando se as medidas eram acuradas o suficiente para que a suspensão da infusão por hipoglicemia não acarretasse hiperglicemia posterior em função de erro na medição, e me aconselhou a fazer um teste com o enlite antes de solicitar a troca ao SUS.
Usando o novo sensor durante este mês, verifiquei que, na prática, há algumas diferenças de ordem mecânica que refletem em singela melhoria de desempenho, mas que não são suficientes para classificar o enlite como muito superior em acurácia ao sof sensor.
Enquanto a instalação do sof sensor ocorre num ângulo de 45º a 60º, a do enlite é em 90º, o que facilita a inserção da agulha aplicadora do sensor e diminui as chances de machucados durante a entrada na pele, que interferem na acurácia das medições. Com o sof sensor tive sangramentos em algumas ocasiões, e usando o enlite não ocorreu sangramento em qualquer das aplicações.
Por outro lado, para fazer a instalação no braço (região em que uso o sensor) o aplicador do sof é melhor para a retirada da agulha pelx próprix usuárix. Há dois vídeos no youtube com demonstração por usuárixs da inserção do sensor no braço. Mas no video do enlite, a diabética necessita pedir ajuda ao companheiro para retirada da agulha, enquanto que no video do sof o diabético faz toda a aplicação sozinho:
O enlite possui dois adesivos (inexistentes no sof sensor) - um que fica abaixo do minilink e outro que o recobre por cima - que ajudam a manter o transmissor colado à pele. Considerando que quanto menor a mobilidade do transmissor melhor a medição da glicemia, este fato também colabora para o bom desempenho desse sensor. Mas esses adesivos dificultam a retirada do sensor da pele, e o que vai por cima deixa uma cola residual no transmissor.
Há um outro adesivo, autônomo em relação ao enlite, destinado a mantê-lo completamente imóvel, que também pode ser utilizado com o sof sensor, mas que é de difícil colocação no braço por quem faz a aplicação sozinhx por ser muito mole. Em todas as instalações precisei do auxílio do meu companheiro para colar este adesivo.
Assim, o meu monitoramento sempre foi feito através do sof sensor, o primeiro modelo de sensor de glicose intersticial da Medtronic. Demorei cerca de 6 meses até me adaptar completamente a ele, e conhecer na prática todas as suas idiossincrasias, conforme postagens anteriores desta seção "Dicas de bomba de insulina e de sensor".
Quando a VEO começou a ser comercializada no Brasil, em meados de 2014, conversei com meu médico a respeito da troca do modelo de bomba e de sensor, porque mesmo melhorando drasticamente o meu controle glicêmico (a minha hemoglobina glicada antes da bomba ficava em níveis acima de 7,5% e com muitos espasmos hipoglicêmicos, e depois da bomba a glicada se reduziu a menos de 6,5,% e sem hipoglicemias graves), a minha glicemia costuma cair de madrugada, período de pior desempenho do sensor.
Na ocasião ele me alertou acerca da real eficácia do novo sensor, questionando se as medidas eram acuradas o suficiente para que a suspensão da infusão por hipoglicemia não acarretasse hiperglicemia posterior em função de erro na medição, e me aconselhou a fazer um teste com o enlite antes de solicitar a troca ao SUS.
Usando o novo sensor durante este mês, verifiquei que, na prática, há algumas diferenças de ordem mecânica que refletem em singela melhoria de desempenho, mas que não são suficientes para classificar o enlite como muito superior em acurácia ao sof sensor.
Enquanto a instalação do sof sensor ocorre num ângulo de 45º a 60º, a do enlite é em 90º, o que facilita a inserção da agulha aplicadora do sensor e diminui as chances de machucados durante a entrada na pele, que interferem na acurácia das medições. Com o sof sensor tive sangramentos em algumas ocasiões, e usando o enlite não ocorreu sangramento em qualquer das aplicações.
aplicação do sof sensor
aplicação do enlite
Por outro lado, para fazer a instalação no braço (região em que uso o sensor) o aplicador do sof é melhor para a retirada da agulha pelx próprix usuárix. Há dois vídeos no youtube com demonstração por usuárixs da inserção do sensor no braço. Mas no video do enlite, a diabética necessita pedir ajuda ao companheiro para retirada da agulha, enquanto que no video do sof o diabético faz toda a aplicação sozinho:
video sobre aplicação do enlite
video sobre aplicação do sof sensor
O enlite possui dois adesivos (inexistentes no sof sensor) - um que fica abaixo do minilink e outro que o recobre por cima - que ajudam a manter o transmissor colado à pele. Considerando que quanto menor a mobilidade do transmissor melhor a medição da glicemia, este fato também colabora para o bom desempenho desse sensor. Mas esses adesivos dificultam a retirada do sensor da pele, e o que vai por cima deixa uma cola residual no transmissor.
Há um outro adesivo, autônomo em relação ao enlite, destinado a mantê-lo completamente imóvel, que também pode ser utilizado com o sof sensor, mas que é de difícil colocação no braço por quem faz a aplicação sozinhx por ser muito mole. Em todas as instalações precisei do auxílio do meu companheiro para colar este adesivo.
O número do isig, que a grosso modo corresponde à quantidade de células do líquido intersticial que estão em contato com o sensor dentro da pele, a partir das quais a medida de glicemia é calculada, é maior no enlite. Teoricamente, considerando que maior número de células disponíveis para a aferição da média da glicose resultaria em mais dados para se analisar e, portanto, maior acurácia, essa seria uma grande vantagem. Mas na prática, esse isig maior não produz os resultados imaginados.
Tanto com o sof sensor quanto com o enlite, as medidas das 6 primeiras horas de uso e das últimas 12 costumam se distanciar bastante da medida aferida pelo dextro. Em condições de normalidade, essa diferença varia entre 10 e 20 mg/dl, mas nas primeiras 6 horas e últimas 12 (principalmente nessas) podem chegar a uma diferença de até 100mg/dl. Isso ocorre com o uso de ambos os sensores. Também nos casos de oscilações glicêmicas mais acentuadas os dois sensores deixam a desejar.
Durante a madrugada, período em que geralmente não tomamos muita água (o que diminuiria a quantidade do líquido intersticial e também o número do isig), o sensor costuma apontar uma medida inferior àquela do dextro. Muitas vezes a minha bomba apita avisando que a glicemia está abaixo de 70 mg/dl, quando, na verdade, ela está próxima de 100 mg/dl. E também ocorrem erros para cima, o que já me causou hipoglicemias ao despertar por bolus de correção desnecessário. Isso ocorre com o sof sensor, e também com o enlite.
Procurando por publicações acerca do tema, encontrei um estudo (1) que aponta que o enlite tende a indicar uma medida menor do que a real em qualquer situação, e que o sof sensor indicaria glicemia maior em casos de hipoglicemia e menor em casos de hiperglicemia. A diferença absoluta média em relação à glicose apresentada e aquela medida pelo sensor seria de 15% para o enlite e de 12% para o sof sensor. Ou seja, cada sensor teria suas falhas de acurácia de acordo com situações específicas: o enlite, o tempo todo para baixo, e o sof sensor em situações de oscilações extremas, mais alta nas quedas e mais baixa nas elevações de glicemia.
Mas na prática, essas pequenas diferenças parecem inexistentes. Achei o enlite igualmente funcional em relação ao sof sensor, com bom e mau desempenho em situações bem parecidas, embora o enlite tenha funcionado por mais tempo justamente pelas questões mecânicas: entrada da agulha em 90º e fixação maior do sensor e do transmissor por adesivos. Na parte tecnológica parecem absolutamente iguais!
De qualquer forma, e apesar das falhas em relação às horas de uso, oscilações glicêmicas mais acentuadas e período noturno, somente utilizando a bomba com o monitoramento da glicose intersticial consegui evitar as crises espasmódicas que me acometiam todas as semanas. Aprendendo as nuances de funcionamento do sensor, qualquer um deles é excelente (principalmente para assintomáticxs como eu) e auxilia a melhorar o controle da glicemia. Assim, ainda analisarei melhor com meu médico se trocaremos ou não o modelo do sensor.
Quanto ao modelo da bomba, não sinto confiança ainda para utilizar a VEO, pois me parece que o desempenho do sensor não é suficientemente acurado para evitar hiperglicemias posteriores a uma suspensão desnecessária. Neste aspecto, sinto-me mais segura realizando dextro após aviso de hipo da bomba e, com suspensão (não automática) apenas em situações de queda extrema e em alta velocidade.
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