quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A Política Agrária no Brasil - recursos naturais se relacionam com a saúde

No dia 10/11/14, o economista e ativista social João Pedro Stédile falou na Escola de Governo sobre as dificuldades para a realização de uma reforma agrária num país com histórico de grandes propriedades rurais concentradas em poder de poucos proprietários como é o Brasil, e ainda sobre a necessidade de uma mudança da política agrária voltada para a monocultura de 5 principais produtos (cana, soja, eucalipto, café e milho), que está destruindo os recursos naturais, com grandes chances de afetar a saúde e a subsistência da população brasileira como um todo, destacando os seguintes pontos:

- 80% dos proprietários de terra do Mato Grosso residem em São Paulo;

- O conceito de "questão agrária" é confuso, cada um se dá o direito de utilizar o termo conforme seu entendimento próprio, gerando diferentes interpretações na literatura;

- A questão agrária é uma área do conhecimento científico que procura explicar duas questões: como a sociedade organiza a posse, uso e propriedade da terra, e como se regulamenta a utilização da terra e de seus produtos na sociedade brasileira;

- Periodo de 1500 a 1900 - capitalismo comercial ou mercantil introduzido pelos colonizadores europeus - Lucro de 7000% com venda das mercadorias chinesas (origem do termo "negócio da China");

- População brasileira vivia no comunismo primitivo - plantation: organização da produção da monocultura através do escravismo no periodo colonial (produtos trazidos de fora, nativos não sabiam cultivar);

- Brasil exportava 88% do que se produzia no país durante o periodo colonial;

- Lei 601/1850 instituiu o latifúndio no Brasil - excluiu do acesso à terra os pobres - a natureza foi escravizada pelo Capital;

- Crise da produção agrícola - entre 1870 e 1914 foram trazidos 1 milhão e 600 mil casais pobres da Europa - mesma quantidade que tinha de escravos, substituição da mão de obra escrava pela mão de obra imigrante - nova classe de camponeses;

- Mistura de nacionalidades gerou um camponês local - Guimarães Rosa chamou de sertanejo e Monteiro Lobato de caipira (corruptela de caipora - branquelo);

- Café e cana de açúcar - assalariado rural (saldo da escravidão, escravos que não quiseram se deslocar para a cidade);

- Século XX: transição para o capitalismo industrial, tentativa de incorporar esse camponês para a indústria - primeiro censo de 1920 já demonstrou grande concentração da terra;

- Marx - dois motivos para a desvalorização do salário: luta de classes e reserva de mão de obra - exército industrial de reserva que força o salário pra baixo;

- Por que não houve reforma agrária no Brasil se essa é uma medida que fortalece a economia?

- Capital financeiro e empresas transnacionais que se instalaram no Brasil com o neoliberalismo foram para a agricultura - redivisão da produção agrícola mundial;

- A empresa Bayer fabricava o gás do holocausto judeu;

- Reforma agrária agora pressupõe mais que a divisão de terras, deve ter também como paradigma a produção de alimentos saudáveis, eliminação de agrotóxicos e transgênicos, e plantação com equilíbrio ambiental;

- Seca tem origem nas plantações de cana no Estado de São Paulo;

- Venenos (como o glifosato da monsanto) não pagam imposto;

- Onde se planta eucalipto secam os mananciais;

- A abelha é a primeira agricultora da natureza, a única que poliniza - na Europa a pulverização aérea foi proibida justamente porque a primeira atingida é a abelha.



Links com mais informações sobre a questão agrária no Brasil:

Crise hídrica de São Paulo e o agronegócio 

Livro "Manejo ecológico do solo" de Ana Maria Primavesi

Agroecologia e manejo do solo

Ana Maria Primavesi - entrevista

Movimento dos Trabalhadores sem Terra - MST

Embrapii – Associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial  

Centro Vianei de Educação Popular


Assista também ao programa da Rede TVT +Direitos +Humanos, dirigido por Kiko Goifmann e Max Alvim, exibido em 19/11/14, sobre Mediação de Conflitos e Resistência no Campo. O diálogo deste programa é entre a ONG AÇÃO EDUCATIVA de São Paulo e a COMISSÃO DE JOVENS DO POLO DA BORBOREMA, da Paraíba, que busca um novo olhar sobre o valor da nova geração de trabalhadores rurais do Polo da Borborema. A ideia é fortalecer a agricultura familiar:
 
 

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