quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Sobre Dilma, Rituximabe e a Conitec

A distribuição de medicamentos pela rede pública de saúde no Brasil ocorre através de uma lista elaborada previamente (a RENAME - Relação Nacional dos Medicamentos Essenciais), contendo os remédios que o SUS deve fornecer a todos os brasileiros para o tratamento de cada doença. A inclusão de medicamentos ocorre através de um processo bastante democrático e transparente (embora com algumas falhas), inclusive com possibilidade de manifestação de toda a sociedade civil sobre a incorporação.

O órgão do Ministério da Saúde responsável por esse procedimento, a CONITEC, foi criada em 2011. Antes disso, não havia renovação da lista, um dos principais motivos do grande número de demandas judiciais de saúde conforme defendido por vários especialistas na Audiência Pública sobre Saúde do STF em 2009.

No início de 2013, houve um estudo para ampliação do fornecimento do medicamento "Rituximabe" a pacientes com linfoma não-Hodgkin folicular, pois seu uso estava restrito ao mais agressivo deste tipo de câncer (com células grandes B). E o parecer do Ministério da Saúde foi contrário a essa incorporação. Mas no fim desse mesmo ano de 2013, o parecer foi revisto, e o Rituximabe incluído no SUS para o tratamento de pacientes com linfoma não-Hodgkin folicular. O que deve ser cobrado agora é a disponibilização efetiva do medicamento na rede pública no prazo legal de 6 meses (já passou inclusive), pois em alguns casos demora mais (isso aconteceu com o medicamento Telaprevir para hepatite C, que demorou 1 ano e meio para entrar de fato na rede pública).

Portanto, as notícias que ainda circulam afirmando que o tratamento para linfoma não-Hodgkin folicular não está disponível no SUS, mas foi utilizado por Dilma Rousseff, o que representaria suposta prerrogativa presidencial em detrimento da saúde dos demais brasileiros, não corresponde à realidade por dois motivos:

1 - porque esta é uma notícia velha do início de 2013, de quando a incorporação do rituximabe para tratamento do linfoma não-Hodgkin folicular pelo SUS não havia ocorrido ainda (o que só aconteceu em dezembro de 2013);

e

2 - Dilma teve o linfoma do tipo mais agressivo (o das grandes células do tipo “B”), para o qual o rituximabe já era aprovado para toda a população brasileira pelo SUS.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Aplicação de insulina: dispositivos e técnicas de aplicação. Recomendações.

- Considerando a complexidade do processo de preparo e aplicação da insulina, e o fato da ação da insulina estar diretamente relacionada a fatores que envolvem desde a aquisição da insulina e insumos até o preparo e a aplicação, todo profissional de saúde deve ser capacitado para evitar erros, orientar os pacientes e identificar as falhas nos processos;

- As insulinas em uso podem ser armazenadas sob refrigeração (2ºC a 8ºC), nunca congelarem ou ficarem em temperatura ambiente (máximo 30ºC) e podem ser usadas por no máximo 4 ou 6 semanas, se acordo com o fabricante, desde que dentro do prazo de validade;

- As seringas recomendadas para preparar e aplicar insulina devem ter agulha fixa;

- O planejamento e a realização correta do rodízio nos pontos de aplicação são fatores decisivos para o tratamento seguro e eficaz com insulina;

- Recomenda-se o uso de agulhas curtas para o tratamento do diabetes com injetáveis;

- Para homogeneizar corretamente as suspensões de insulinas humanas (NPH e bifásicas) recomenda-se movimentar o frasco e a caneta 20 vezes;

- Recomenda-se, após injetar a insulina, manter a agulha no subcutâneo por no mínimo 5 a 10 segundos, para seringa e caneta respectivamente, a fim de garantir que toda a dose seja injetada e impedir a saída da insulina;

- As agulhas das canetas devem ser descartadas imediatamente após o uso, pois isto previne a entrada de ar e contaminação no refil, assim como perda de insulina;

- Os clientes devem ser orientados de que os perfurocortantes e materiais com sangue, gerados no domicílio, sejam descartados em coletores específicos para perfurocortante. Na ausência do coletor próprio para perfurocortante, recomenda-se recipiente com características semelhantes;

- Recomenda-se, para o profissional de saúde, na aplicação de medicamentos injetáveis para o tratamento do diabetes, a utilização de seringa de insulina e agulha para caneta com dispositivo de segurança, para reduzir a incidência de lesões com perfurocortante, conforme NR 32;

- Recomenda-se a elaboração de um manual de procedimento - Procedimento Operacional Padrão (POP) - referente à técnica de preparo e à aplicação de insulina, considerando que o Institute for Safe Medication Practices (ISMP) classifica a insulina como medicamento potencialmente perigoso;

- Recomenda-se que todos os serviços, privados e públicos, tenham programas atualizados de educação em diabetes e capacitações regulares para os profissionais que assistem aos clientes com DM (diabetes mellitus).

Fonte: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2013/2014




Links para informações adicionais:

The Third Injection Tecnique Workshop in Athens (TITAN) 2009 (espanhol)

Artigo "Erros de Medicação, Riscos e Práticas Seguras na Terapia com insulinas", do Boletim ISPM (Instituto para Práticas Seguras no Uso dos Medicamentos) Brasil, volume 1, número 2 (português)

Artigo "Medication Errors with the Dosing of Insulin: Problems across the Continuum" do Pennsylvania Patient Safety Authority (inglês)

Estudo "Skin and Subcutaneous Adipose Layer Thickness in Adults with Diabetes at Sites Used for Insulin Injections: Implications for Needle Lenght Recommendations" (inglês)

Estudo "Comparative Glycemic Control, Safety and Patient Ratings for a New 4mm/32g Insulin Pen Needle in Adults with Diabetes" (inglês)

Estudo "Skin and subcutaneous sickness at injecting sites in children with diabetes: ultrasound findings and recommendations for giving injection" (inglês)

Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 306 de 12/2004, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que dispõe sobre o Regulamento Técnico para o Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

Norma Brasileira (NBR) nº 13.853/97 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

RDC nº 2.605/2006 da ANVISA

RDC nº 156/2006, que dispõe sobre registro, rotulagem e reprocessamento de produtos médicos

ABNT NBR ISO 8.537/2006, que determina o uso de u símbolo "uso único" impresso no corpo da seringa de insulina

Estudo da ADA (American Diabetes Association) "Insulin Administration" de 2004 demonstrando que as condições da pele do paciente podem favorecer o aparecimento de infecção, sobretudo se ele apresentar higiene pessoal deficiente, doença aguda simultânea ou imunidade diminuída (inglês)

Parecer COREN-SP (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo) CAT nº 001/2010 - Reutilização de seringas de insulina

Estudo russo sobre reuso "The Risks of Repetead Use of Insulin Pen Needles in Patients with Diabetes Mellitus" (inglês)

Estudo "Prevalência de infecção pelo vírus da hepatite c em pacientes com diabetes melito tipo 2" realizado no Ambulatório de Diabetes do Serviço de Endocrinologia e Metabologia do Hospital Clínicas de Curitiba (português)

Workshop on Injection Safety in Endocrinology (WISE) realizado em Bruxelas em 2011

Medicamentos Potencialmente Perigosos - ISPM Brasil

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Transparência e dignidade não são valores com preço

Mês passado não recebi a fatura do cartão de crédito (mastercard) para pagamento. Nas ocasiões anteriores, quando não recebia a fatura, o motivo era a ausência de utilização do cartão de crédito, ou seja, não havia gastos a serem quitados, e foi exatamente isso que entendi ao não receber a fatura em setembro de 2014.

Neste mês a mastercard enviou uma fatura com valor pendente de R$ 194,00 referente a pagamento parcial, e cobrando multa e juros de R$25,00 com fundamento nesse suposto pagamento parcial da fatura.

Além de eu não ter efetivado qualquer pagamento no mês anterior, não sabia a que tipo de gastos se referiam os R$ 194,00, ou se realmente havia utilizado esse valor no crédito, já que a fatura discorrendo as compras nunca veio.

A transparência da relação entre as partes (consumidor e fornecedor) é o princípio central do Código de Defesa do Consumidor, e tem como fundamento o equilíbrio de forças entre instituições capitalistas e as pessoas em sua individualidade e dignidade humana.

Nos termos dos artigos 4º e 6º do Código de Defesa do Consumidor:

"Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:

I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;

II - (...):

III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores; (...)"


"Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;

II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; (...)"

A fatura é o meio pelo qual o consumidor é informado sobre os gastos feitos, sobre como foi utilizado o cartão de crédito. A fatura pode ser apresentada de forma física ou digital, mas esta é uma escolha que cabe ao consumidor, e não ao fornecedor. A forma de apresentação desta fatura não pode variar sem ciência prévia e concordância do consumidor, por arriscar a segurança da relação. Relações de consumos baseiam-se em práticas, e quando essas práticas apresentam variações (sem ciência prévia e concordância do consumidor) que influenciam o cumprimento das obrigações das partes, torna-se insegura e contrária ao Código de Defesa do Consumidor.

 
Enviar a fatura por correio, no meu caso, que não optei pelo envio da fatura digital (por email) era obrigação da mastercard, em atendimento ao meu direito à transparência e à informação clara e adequada, com especificação de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço das compras utilizadas no cartão de crédito.

Como o meu direito não foi atendido pela mastercard, enviei mensagem ao SAC do banco que me forneceu o cartão (já que "O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo" - artigo 20, CDC) questionando a cobrança da multa e dos juros, pois só não paguei os alegados gastos porque a fatura não foi enviada, e pedindo uma via da fatura, para conferir em que exatamente foram gastos os alegados e cobrados R$ 194,00. Pedi que me enviassem também um comprovante de envio da fatura, caso tivessem.

Em retorno ao meu questionamento, e provavelmente porque não tinham um comprovante (porque não enviaram a fatura), um atendente do SAC entrou em contato comigo por telefone, afirmando que extornariam o valor da multa e dos juros, e ainda enviariam a segunda via da fatura para eu conferir a efetividade dos gastos.

Todavia, o atendente argumentou que eu já estava ciente de que havia outras formas de conferir os gastos e que se eu deixasse de pagar numa próxima vez que a fatura não fosse enviada, a multa seria devida e cobrada. Ainda alegou problema dos correios na entrega.

Em resposta, expliquei ao atendente sobre defesa do consumidor, e que o recebimento da fatura é meu direito, e que se a conversa estava sendo gravada, ficaria gravado que eu não concordava com esse pretensa ciência, e que a lei do consumidor ampara o questionamento da legitimidade da cobrança, e que se o correio não entregou a fatura, eles deveriam cobrar multa do correio, não de mim.

Na prática o atendente confessou que não garante que o cartão mastercard consiga cumprir a obrigação mínima de enviar a fatura todos os meses (já que mencionou "da próxima vez...", ou seja, admite que a falha pode se repetir). Por esta razão, vou cancelar meu cartão: porque a mastercard não garante o cumprimento de suas obrigações mínimas e não respeita o direito de transparência e equilíbrio da relação da sua consumidora.

Como bem diz o jurista Fábio Konder Comparato em seu livro "A civilização capitalista", fls. 49:

"Ora, conclui Kant, se os homens são fins em si mesmos, e não podem ser utilizados como meio para a obtenção de outros fins, daí se segue que só os homens tem dignidade; o que significa que eles não tem preço. O preço é o valor daquilo que pode ser substituído por outra coisa. Mas os seres humanos em geral, e cada pessoa em particular, são propriamente insubstituíveis na vida.

A civilização capitalista veio repudiar na história categoricamente - é bem o caso de dizer - esse supremo princípio ético. Postulando desde o seu surgimento, na idade média europeia, a busca, por cada indivíduo, do seu próprio interesse material como finalidade última da vida, o capitalismo tornou os trabalhadores assalariados e o conjunto dos consumidores dos bens produzidos pelas empresas simples objetos ou mercadorias; vale dizer, coisas que tem um preço, mas nunca uma dignidade intrínseca".

Por isso, confiram as despesas do cartão de crédito na fatura enviada e, quando não enviada, confiram a fatura do mês seguinte, e contestem eventual multa e juros cobrados por não pagamento. Para essas empresas de cartão de crédito, como explicou Fábio Konder Comparato, pessoas com gastos mais modestos somos simples objetos ou mercadorias, coisas que tem um preço, mas nunca uma dignidade intrínseca.

O fundamento jurídico para o meu questionamento vale para todos os serviços que envolvam relações de consumo quando a fatura não é enviada.




domingo, 19 de outubro de 2014

Privatizações: a Distopia do Capital

Filme de Silvio Tendler de grande importância para quem se interessa pela história política do Brasil, e pelas consequências das medidas neoliberais levadas a efeito nos anos 90. A parte relativa à saúde e à educação começam em torno do minuto 30 do filme.

O economista Ladislau Dowbor explica de forma simples porque tornar a saúde e demais serviços públicos em mercadoria aniquila qualquer possibilidade de equilíbrio nas relações entre fornecedor de serviços e consumidor, antes de tudo um cidadão.

E tem ainda a incrível definição de João Pedro Stédile sobre o desmonte da Petrobras (ainda ativo através de ações da grande mídia) ao dizer que: ”O povo brasileiro perdeu o controle sobre suas principais riquezas. Quando se tentou mudar o nome da Petrobrás para Petrobrax o argumento era o de que os gringos podiam pronunciar mais facilmente o X. Por aí se vê o nível da mediocridade da nossa burguesia subalterna".
 
 

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Quer ser um voluntário nos jogos olímpicos do Rio de 2016? São diversas áreas para atuar, incluindo a saúde

Inscrições até 15 de novembro de 2014 


Serão várias atividades no Rio de Janeiro e nas cidades que receberão jogos de futebol. O trabalho de voluntário também lhe proporcionará benefícios, como o enriquecimento do seu currículo profissional, ampliação de suas redes de relacionamento, convivência com pessoas de outras culturas e aprendizado nos treinamentos que serão oferecidos ao longo do processo seletivo. Participe deste espaço aberto para quem quer fazer parte dos Jogos e construir sua própria história junto com o evento.

Para fazer parte do time de Voluntários Rio 2016,você precisa ter:
- 18 anos completos até 28 de fevereiro de 2016
- dez dias disponíveis durante a realização dos Jogos Olímpicos e/ou Paralímpicos
- ensino fundamental (desejável)
- disponibilidade para participar do processo seletivo e passar pelos treinamentos, que poderão corresponder a três dias em alguns casos.




Requisitos para ser um voluntário de serviços de saúde

Conhecimento e certificação profissional são fundamentais para ser um voluntário de SERVIÇOS DE SAÚDE durante os Jogos. Profissionais das mais diversas especialidades como médicos, dentistas, enfermeiros, técnicos, socorristas, massagistas, fisioterapeutas, veterinários, entre outros, serão os heróis deste time e irão desempenhar funções como:
• Prestar assistência médica aos atletas nas arenas de treinamento, competição e Vila Olímpica
• Realizar consultas agendadas e de emergência durante os Jogos
• Prestar atendimento odontológico a espectadores e atletas
• Atuar na dispensação, controle, armazenamento e transportes de produtos farmacológicos
• Realizar exames e diagnóstico laboratoriais e de imagem, de atletas e espectadores
• Prestar serviços de anti-doping

Requisitos: formação acadêmica e experiência profissional em áreas relacionadas a medicina e saúde.

Os voluntários de SERVIÇOS DE SAÚDE atuarão em instalações de competição e não competição, assim como em postos médicos, policlínicas e ambulâncias próximos às regiões dos Jogos. Em cada instalação de competição serão montados postos para atendimento médico exclusivo de atletas e postos para atendimento exclusivo de espectadores, força de trabalho e demais pessoas envolvidas no trabalho.

• Dentista, técnico de higiene dental, técnico em radiologia odontológica, técnico em prótese dentária, auxiliar de consultório dental, assistente de dentista
• Farmacêutico
• Fisioterapeuta
• Massagista ou Massoterapeuta
• Enfermeiro, técnico de enfermagem, auxiliar de enfermagem
• Técnico de radiologia médica
• Técnico de imobilização ortopédica
• Socorrista
• Médicos de diversas formações



Para se inscrever, basta acessar o sítio do evento e fazer a inscrição online pelo link: https://portaldovoluntario.rio2016.com/ESIREG/login.do?language=1

Você também pode fazer sua inscrição pela Central de Relacionamento: (21) 3004-2016 Outros países: +55 21 3004-2016

Ou ir até um ponto de inscrição (consulte o ponto mais próximo no sítio do voluntariado)

Twitter: http://twitter.com/Rio2016 | http://twitter.com/Rio2016_en
Facebook: http://facebook.com/rio2016
Instagram: http://instagram.com/Rio2016
Youtube: https://www.youtube.com/rio2016

Fonte: Rio 2016 voluntários

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Segunda dose da vacina contra HPV está sendo disponibilizada nas unidades de saúde e escolas de todo o Brasil

Desde o dia 1º de setembro de 2014, meninas de 11 a 13 anos começam a receber a segunda dose da vacina contra HPV (papilomavírus humano). A vacinação está sendo disponibilizada nas unidades de saúde e escolas públicas e particulares de todo o Brasil.

Nos três primeiros meses de vacinação da primeira dose, iniciada em março de 2014, mais de 4,1 milhões de meninas foram imunizadas no País. A segunda dose deve ser tomada seis meses após a primeira, e a terceira dose da vacina, após cinco anos.

A vacina começou a fazer parte do calendário de vacinação neste ano para todas as meninas que completam 11 anos e a partir de 2016, deverá ser disponibilizada para as meninas a partir de 9 anos.

O HPV é um dos principais responsáveis pelo câncer de colo do útero, terceiro tipo de câncer que mais mata as mulheres no Brasil.

Segundo o secretário de Vigilância do Ministério da Saúde, Jarba Barbosa, o papilomavírus humano é um dos mais contamináveis do mundo e cerca de 30% das meninas de 11 a 13 anos já tiveram o contato com o vírus mesmo sem ter tido uma relação sexual completa, por isso a importância de fornecer a vacina para essa faixa etária.

"Baseado em dados populacionais, essa é a melhor idade que a vacina produz a maior resposta imunológica. Não estamos aqui pra dizer a idade que a criança vai começar a relação sexual, isso é outra discussão", enfatiza o secretário.

As vacinas serão disponibilizadas em unidades de saúde e nas escolas públicas e particulares.

Para o ministro da Saúde, Arthur Chioro, a segunda dose é fundamental para garantir a proteção da mulher. "Sem a segunda dose não há segurança nenhuma que a menina está protegida", afirmou Chioro. "As meninas que não tinham 11 anos em março e não fizeram a primeira dose, devem fazê-la agora".

Ao todo, são 15 milhões de doses da vacina, com um investimento de R$ 1,1 bilhão, além de 7,2 mil profissionais de saúde e mais 2,2 mil profissionais de outras áreas trabalhando no combate da doença.

Chioro disse ainda que segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil fechará o ano de 2014 com 15 mil casos de câncer de colo do útero, e com cerca de 4,8 mil óbitos por conta da doença.

" Vamos reescrever a história do câncer de colo do útero no nosso País. Queremos daqui a alguns anos dizer que, sim, o câncer já matou mulheres no passado, mas isso não acontece mais", finalizou o ministro, que elogiou o engajamento das adolescentes em prol da vacina nas redes sociais.

Fonte: Portal Brasil 
 
 
A vacina é segura, tem eficácia comprovada e é utilizada em 51 países por meio de programas nacionais de imunização. Sua segurança é atestada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Em entrevista para o Blog da Saúde, o Drº Jairo Bouer, médico-psiquiatra formado pela Faculdade de Medicina da USP e pelo Instituto de Psiquiatria, do Hospital das Clínicas da USP, esclarece as principais dúvidas sobre o câncer de colo de útero e sobre a vacina contra o HPV.

1. O que é HPV?
O Papilomavírus Humano, conhecido como HPV, é um vírus bastante comum que pode provocar o aparecimento de verrugas na pele ou mucosas ou, ainda, pode promover alterações em algumas células do corpo, como nas células do colo do útero, leves ou graves, podendo levar ao câncer de colo uterino. Existem aproximadamente 100 tipos de HPV identificados. Os tipos encontrados nas áreas genitais são basicamente de transmissão sexual. Alguns deles causam as verrugas, outros estão mais relacionados às lesões precursoras de câncer.

2. Como o HPV é transmitido?
O HPV é altamente contagioso, sendo possível contaminar-se com uma única exposição, e a sua transmissão se dá por contato direto com a pele ou mucosa infectada. A principal forma é pela via sexual, que inclui contato oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital. Portanto, o contágio com o HPV pode ocorrer mesmo na ausência de penetração vaginal ou anal. Também pode haver transmissão durante o parto. Embora seja raro, o vírus pode propagar-se também por meio de contato com mão.

3. Quais os sintomas do HPV?
O HPV raramente causa sintomas. As verrugas externas geralmente são o sinal mais comum, mas algumas podem ser tão pequenas que às vezes passam despercebidas. Ocasionalmente, pode ocorrer prurido (coceira) ou queimação na vulva. Nos casos mais avançados (câncer de colo do útero) pode ocorrer sangramento durante ou após relação sexual, sangramento vaginal fora do período menstrual, corrimento persistente com odor fétido. Entretanto, esses sintomas não são característicos desta doença e ocorrem geralmente por outras causas.

4. Por que algumas mulheres desenvolvem o HPV e outras não?
Estudos no mundo comprovam que 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas. Essa percentagem pode ser ainda maior em homens. Estima-se que entre 25% e 50% da população feminina e 50% da população masculina mundial esteja infectada pelo HPV. Porém, a maioria das infecções é transitória, sendo combatida espontaneamente pelo sistema imune, regredindo entre seis meses a dois anos após a exposição, principalmente entre as mulheres mais jovens.

5. O que é câncer do colo do útero?
É uma doença grave, caracterizada pelo crescimento anormal de células do colo do útero. Cerca de metade de todas as mulheres diagnosticadas com câncer de colo do útero tem entre 35 e 55 anos de idade. Muitas provavelmente foram expostas ao HPV na adolescência ou na faixa dos 20 anos de idade. Estima-se que 270 mil mulheres, no mundo, morrem devido ao câncer de colo do útero. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima o surgimento de 15 mil novos casos e cerca de 4,8 mil óbitos em 2014.

6. Como se prevenir da transmissão do HPV e do câncer do colo do útero?
As medidas de prevenção mais importantes são uso do preservativo nas relações sexuais, evitar ter muitos parceiros sexuais, realizar higiene pessoal, vacinar-se contra o HPV e realizar o exame Papanicolau.

7. Qual a importância da vacina HPV para a saúde da mulher?
O principal ganho da inclusão da vacina HPV no calendário vacinal será percebido em longo prazo. Com essa geração de meninas protegidas, o risco de lesões precursoras do câncer do colo do útero será muito reduzido, assim como o número de mulheres com preventivos alterados e a necessidade de exames diagnósticos e tratamento. Também vai diminuir o numero de casos de verrugas genitais, talvez a dst hoje mais comum.

8. A vacina é segura?
Sim. A vacina é segura. Até o momento nenhum estudo que tenha associado de maneira inequívoca a vacina de HPV a algum evento adverso grave. Como todo e qualquer produto imunobiológico (vacinas, medicamentos, etc.), é claro que eventualmente pode-se observar efeitos adversos. Após esses anos todos de uso da vacina, os dados de segurança obtidos pelos sistemas de vigilância dos países que a introduziram nos seus programas mostram que a vacina contra HPV é segura, com a ocorrência de eventos adversos, na sua maioria leves, como dor no local da aplicação, inchaço e eritema. Em raros casos, ela pode ocasionar dor de cabeça, febre de 38ºC ou desmaios. Temos que ter cuidado com o que estamos falando. Uma coisa é associar os efeitos colaterais com a vacina e analisar se isso é fato ou não. Outra coisa é falar que ela não funciona e pode matar. Isso não pode ser dito. Muitas vacinas são associadas a essas mesmas reações e nem por isso vamos deixar de tomá-las.

9. A vacina contra HPV provoca algum efeito colateral? O que fazer caso sinta alguns desses sintomas?
A vacina é muito segura. Podem ocorrer eventos adversos leves como dor no local da aplicação, inchaço e coloração avermelhada. Em casos raros, pode ocasionar dor de cabeça, febre maior que 38º C e desmaios. É importante ressaltar que a ocorrência de desmaios durante a vacinação contra HPV não está relacionada à vacina especificamente, mas sim ao processo de vacinação, que pode acontecer com a aplicação de qualquer produto injetável. Em caso de algum desses sintomas, o Ministério da Saúde recomenda que a adolescente procure uma unidade de saúde mais próxima relatando o que sentiu ou está sentindo.

10. O que você diria para as mães que estão inseguras para vacinar suas filhas?
Leia mais sobre o assunto, se informe e, se tiver dúvidas, converse com seu médico. Se fosse minha filha, eu vacinaria com certeza!

11. Em quais situações a vacina contra o HPV não deve ser administrada?
A vacina é contraindicada a gestantes, meninas com hipersensibilidade ao princípio ativo da vacina (sulfato de hidroxifosfato de alumínio amorfo) e que apresentarem alguma reação alérgica grave após receberem a primeira dose.

12. Por que vacinar meninas tão jovens contra o HPV?
Essa faixa etária foi escolhida por dois motivos. Primeiro, a vacina é mais efetiva em meninas que ainda não tiveram contato sexual e não foram expostas ao HPV. Segundo, porque é nessa idade que o sistema imunológico apresenta melhor resposta às vacinas. Com base em pesquisas feitas pelo IBGE, 28% dos jovens começam a ter contato sexual a partir dos 13 anos, então vacinando essa faixa etária conseguimos um melhor aproveitamento dos efeitos da vacina. A vacina é eficaz para as virgens e para aquelas que já iniciaram a vida sexual. É claro que a efetividade é menor por uma questão: a menina que já iniciou a vida sexual pode ter tido contato com o vírus antes de se vacinar.

13. Se a adolescente de 11 a 13 anos ainda não tomou a primeira dose ela ainda pode tomar?
Sim. A vacina está disponível para as meninas nas 36 mil salas de vacinação da rede pública de saúde, durante todo o ano.

14. A adolescente que tomou a 1ª dose precisa tomar a 2ª?
Sim. Todas as meninas que começaram a vacinação deverão seguir o esquema vacinal, composto por três doses.

15. Quantas doses são necessárias para a imunização?
O esquema completo de vacinação é composto de três doses. O esquema padrão da vacina (0, 2 e 6 meses) é 1ª dose, 2ª dose após dois meses e 3ª dose após seis meses. No entanto, o Ministério da Saúde adota o esquema estendido (0, 6 e 60 meses): 1ª dose, 2ª dose seis meses depois, e 3ª dose cinco anos após a 1ª dose.

16. Se a adolescente tomou a primeira dose com 13 anos e já completou 14 anos pode tomar a 2ª dose?
Sim. Todas as meninas que começaram a vacinação deverão seguir o esquema vacinal, composto por três doses.

17. Meninas que já tiveram diagnóstico de HPV podem se vacinar?
Sim. Existem estudos com evidências promissoras de que a vacina previne a reinfecção ou a reativação da doença relacionada ao vírus nela contido.

18. A vacinação contra HPV substituirá o exame de Papanicolau?
Antes de mais nada, é preciso ficar claro para todos: em nenhum momento devemos substituir uma estratégia pela outra, as duas se complementam. A vacinação é uma ferramenta de prevenção primária antes da entrada do vírus no organismo e não substitui o rastreamento do câncer de colo de útero causado que já esteja em evolução. Portanto, é imprescindível manter a realização do exame preventivo (exame de Papanicolaou). outra questão é que a vacina disponível hoje não protege contra todos os tipos oncogênicos, causadores de câncer de hpv. Dessa forma, o rastreamento das mulheres por meio do exame preventivo deve continuar sendo realizado, independentemente da vacinação.

19. Mesmo vacinada será necessário utilizar preservativo durante a relação sexual?
Sim, quando iniciarem a vida sexual, é imprescindível manter a prevenção por meio do uso de preservativo na relação. O preservativo protege, além do HPV, outras doenças transmitidas por via sexual, como HIV, sífilis, hepatite B, etc.

Fonte: Gabriela Rocha/ Blog da Saúde

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

FOCO NA VITALIDADE: Rede Humaniza SUS transmite fórum sobre a “despatologização” da saúde

A Sala de Eventos é aberta a outras instituições ligadas à saúde. O próximo evento é o Fórum "Construindo vidas despatologizadas", que acontece de 14 a 17 de outubro na Universidade de Campinas e será transmitido pela Web da Unicamp e pela Rede Humaniza SUS.

Um espaço vital de encontros e discussões pertinentes à saúde. Essa é a definição da RHS – Rede Humaniza SUS, uma rede social colaborativa em favor da humanização.

O mesmo espírito está presente Sala de Eventos da rede, que realiza os próprios eventos, como seus conhecidos webinários*, ou transmite debates produzidos por outros coletivos e instituições.

No período de 14 a 17 de outubro, a rede vai transmitir o fórum "Construindo vidas despatologizadas". O tema é caro e conhecido de todos aqueles que trabalham por uma saúde humanizada. O evento abre com uma conferência da Deputada Maria do Rosário, ex-ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Entre os assuntos a serem apresentados por um time de professores e cientistas, do Brasil e outros países da América Latina, estão a aprendizagem e a psiquiatria infantil; a genética na encruzilhada entre os direitos humanos e a medicalização; o encontro entre paciente e médico. No dia 16/10 haverá uma mesa redonda: “Táticas de produção e sustentação do Humano em nós: por uma rede de cuidados despatologizantes.” (Veja programação aqui).

Com a difusão pela RHS, o evento ganhará visibilidade para um público altamente interessado. A Rede Humaniza SUS completou seis anos em 2014 e tem mais de 30 mil usuários. Ela é um dispositivo da Política Nacional de Humanização (PNH) do Ministério da Saúde, que tem como missão criar uma esfera pública para discutir problemas e soluções do SUS.

De acordo com Patrícia Silva, uma das editoras da Rede HumanizaSUS, os debates transmitidos pela sala de eventos têm interatividade, mas a participação nos chats fica a critério dos coordenadores dos eventos – que podem abrir ou não o chat para perguntas dos internautas. “A proposta da RHS é ofertar uma ferramenta de fácil acesso para transmissão de eventos ligados a saúde coletiva e humanização”, diz ela, lembrando que a sala está aberta a qualquer usuário da RHS que tenha condições de gerar as imagens de seus eventos (câmera, notebook, som e internet rápida). Basta agendar com a equipe da RHS fazendo contato pelo Formulário de contato da rede.

Confira a programação do Fórum da despatologização: www.fonosp.org.br/2014/09/11/forum-%E2%80%9Cconstruindo-vidas-despatologizadas%E2%80%9D/ 




*Conheça a Sala de Eventos e os seminários virtuais: www.redehumanizasus.net/13180-sala-de-eventos-rhs



Fonte: Déborah de Paula Souza - Política Nacional de Humanização, Ministério da Saúde

domingo, 12 de outubro de 2014

Cada rosa tem seu espinho: sobre limitações, diabetes e superação de obstáculos

Quando entrei na adolescência, já convivia com o diabetes há algum tempo (desde os nove anos de idade). Era final dos anos oitenta e começo dos noventa, e grande parte das meninas adolescentes veneravam vocalistas de bandas de rock, principalmente se as músicas tivessem um clip contando uma história. Eu me encantei com um clip da banda Poison, cujo vocalista é Bret Michaels, que vim a descobrir ser portador de diabetes tipo 1.


A ideia de um vocalista de uma banda de rock com diabetes me encheu de esperança, porque sempre soube que a doença me trazia uma série de limitações e cuidados, mas saber que a despeito disso Bret Michaels tinha montado uma banda de rock e viajava pelo mundo fazendo turnês musicais foi um exemplo de como, além de conviver com a doença crônica, podemos também conviver com os limites que ela nos impõe em certos momentos.

Leio em muitos círculos de debates sobre diabetes que a doença não limita o paciente. Essa é uma ideia que não me convence, porque uma hipoglicemia ou uma hiperglicemia, e até mesmo as complicações do diabetes, podem sim constituir um obstáculo ao desenvolvimento de algumas atividades. Quando estou com hipoglicemia não atendo a nenhuma consulta jurídica, face ao risco de dizer algo incoerente e não compatível com os direitos do cliente, porque a hipo afeta o sistema cognitivo no momento em que a glicemia cai. Há um ano fui diagnosticada com neuropatia periférica, o que me impede de fazer exercícios de alto impacto (não posso correr, por exemplo), mas não me impede de fazer exercícios de baixo impacto (caminhada e musculação sem sobrecarregar as pernas, por exemplo).

Conhecendo as circunstâncias que nos limitam, podemos tentar descobrir formas seguras de superar esses obstáculos. Bret Michaels é um exemplo disso. Também o jovem nadador brasileiro Matheus Santana, que ganhou uma medalha de ouro nos Jogos Sul-Americanos de natação – fazendo o oitavo melhor tempo do mundo em 2014, é um exemplo de bom convívio com as limitações do diabetes tipo 1 e superação respeitando essas limitações.

Entendo sinceramente que muitas mães não queiram que as crianças com diabetes se sintam menos capazes que outras, e por isso passem a ideia para os filhos de ausência de limites em função da doença. Mas o diabetes não é o único limite em nossas vidas, há muitos outros, inclusive em função de nossas convicções ideológicas e ética pessoal. E a vida, em algum momento, nos mostra isso, independentemente de aceitarmos esses limites ou não.

Em função do diagnóstico do diabetes, minha mãe me negava poucas coisas, como uma forma de compensação da doença. Essa espécie de complacência amorosa acarretou certas dificuldades na minha vida adulta, e tive que aprender, quando vim para São Paulo estudar e morar com a minha irmã (a quem eu chamava de "mãe do não" - minha mãe seria a do sim!) que temos limites, e que eles são importantes para a manutenção da nossa vida e da nossa felicidade, e para convivermos melhor com as pessoas que amamos.

Thais Simi, Grasiela R. Pontello Janizelli, eu e Daniele Junqueira Rafael
eu e minhas amigas na adolescência


Afirmar que o diabetes não limita, além de alimentar uma ilusão - porque a prática mostra o contrário, não incentiva a pessoa a descobrir formas de conviver com esses limites e superar os obstáculos criados por eles. Tampouco ajuda a perceber que, muitas vezes, certas limitações são também vantagens (na adolescência, enquanto minhas amigas se queixavam da grande quantidade de espinhas no rosto, eu as tinha em pouquíssimo número em função da alimentação baseada em frutas e verduras para o cuidado do diabetes, por exemplo).

(Re)Conhecer as limitações do diabetes e respeitá-las é uma forma de não se reduzir a elas, e até de superá-las.

Como diz uma música do Poison "every rose has its thorn" (cada rosa tem seu espinho): quase tudo na vida tem uma característica dicotômica, uma limitação pode ser uma vantagem, e vice-versa. Ignorar um limite - e incentivar que ele permaneça no ponto cego - não faz com que ele desapareça, faz com que a pessoa perca a oportunidade de descobrir formas de viver melhor, apesar dos obstáculos, que podem e devem ser superados, respeitando as condições pessoais de cada um para isso.


Observação: agradeço a amiga Karen Athié, por me dar um toque sobre o Matheus Santana, e à minha irmã Simone Aligieri, por me dizer não por inúmeras vezes nessa vida como forma de amor sem limites. E também agradeço minha mãe, Jandira Aligieri, que, embora dizendo sim em algumas ocasiões que deveria dizer não, sempre me fez sentir amada.