O risco de sofrer problemas cardiovasculares, como AVC e infarto, aumenta nessa faixa etária em pacientes diabéticos
A população brasileira está vivendo cada vez mais. Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) informa que até 2050, 30% dos brasileiros terá mais de 60 anos (1). Dentre as doenças mais comuns em idosos, destaca-se o diabetes tipo 2, que além de necessitar de cuidados especiais para a terceira idade também pode levar a outras complicações, como as doenças cardiovasculares.
A insuficiência cardíaca é a principal causa de internação e a obstrução das artérias coronárias é responsável por cerca de 70% a 80% das mortes em idosos (2). Por essa razão, o cardiologista e geriatra Dr. Roberto Miranda ressalta a importância da prevenção cardiovascular em pacientes idosos com diabetes tipo 2, já que o risco de infarto em diabéticos é de 2 a 4 vezes maior se comparado com um indivíduo que não tem a doença (3).
“É surpreendente que muitos pacientes ainda não saibam que o diabetes é responsável por aumentar os riscos de doenças no coração. A doença cardiovascular no diabético mata mais que HIV, tuberculose e câncer de mama na população mundial4,5. Esta é uma complicação silenciosa que precisa ser do conhecimento de todos”, explica o cardiologista.
Por essa razão, é fundamental que o paciente procure seu médico para saber mais sobre as melhores opções de tratamento. Confira abaixo outros cuidados importantes que o paciente idoso que tem diabetes precisa ter:
Controle da pressão arterial e dos níveis de colesterol
A pressão arterial e o colesterol precisam ser tão monitorados quanto os níveis de glicose no idoso com diabetes. Há estudos expressivos que defendem que o controle simultâneo da pressão arterial, do colesterol e do açúcar no sangue é fundamental para a redução de morte em razão de complicações cardiovasculares (2,4). A pressão alta pode causar doenças como angina, caracterizada pela dor no peito em função do enfraquecimento dos músculos do coração, isquemias, que acontecem com a interrupção do fluxo sanguíneo em uma artéria, e infarto do miocárdio, causado pela obstrução de uma artéria coronária.
Atenção à comorbidade e prevenção de interação farmacológica
A comorbidade, que é presença de duas ou mais doenças crônicas concomitantes em um indivíduo, é outra questão que merece muita atenção nos idosos diabéticos. Por terem, geralmente, mais doenças que as pessoas mais jovens, os idosos fazem uso de vários medicamentos, o que pode acarretar em uma interação farmacológica e, consequentemente, um tratamento pode interferir no outro, piorando o estado de saúde do paciente. “Por isso, é fundamental que os idosos consultem médicos, como o geriatra, que gerenciem a saúde como um todo, analisando todas as patologias e seus respectivos tratamentos, assim com complicações que podem surgir no meio do caminho”, explica Dr. Miranda.
Risco de hipoglicemia
Pode acontecer de o paciente idoso esquecer-se de tomar o medicamento ou ainda de tomar duas vezes em um único dia. Segundo o médico, tomar por engano o medicamento para diabetes duas vezes é extremamente preocupante. “Em casos em que o paciente toma uma dose maior do que a prescrita, dependendo do medicamento, ele pode sofrer hipoglicemia, que é uma queda acentuada do nível de açúcar no sangue”, explica. Sudorese, palpitação, sonolência e cansaço são os principais sintomas da hipoglicemia, mas nos idosos esses sintomas podem demorar mais para aparecer e ainda podem ser confundidos com alterações neurológicas. Assim sendo, é importante que os cuidadores e familiares estejam atentos à frequência e uso das medicações.
Prevalência de sedentarismo
Quanto mais idade, maior é a prevalência de obesidade e de sedentarismo. É natural que o idoso mude a sua rotina de vida, exercitando-se menos por uma limitação natural do seu físico. Entretanto, para o idoso que tem diabetes, a recomendação é não se acomodar e manter um estilo de vida saudável e ativo. O cardiologista reforça a necessidade de consultar um médico antes do início de atividades físicas. “O idoso precisa receber uma recomendação médica, alimentando-se antes dos exercícios para evitar hipoglicemia, vestindo roupas adequadas com a temperatura do ambiente e se hidratando previamente para evitar desidratação, que também acontece mais facilmente quando há alta dos níveis de glicose”, conclui.
Referências
1. Organização mundial da saúde. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/186468/6/WHO_FWC_ALC_15.01_por.pdf, acesso em 29.08.2017.
2. Arq. Bras. Cardiol. vol.79 no.6 São Paulo Dec. 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2002001500011. Acesso em 28.08.2017.
3. Sociedade Brasileira de Diabetes. Disponível em: www.diabetes.org.br, acesso em 1/6/2017
4. IDF Diabetes Atlas, 2015. 7th Edition. http://www.idf.org/diabetesatlas..
5. OMS – Globocan 2012 :Estimated Cancer Incidence, Mortality and Prevalence in 2012 disponível em: http://globocan.iarc.fr/Pages/fact_sheets_cancer.aspx, acesso em 14/1/2016.
Fonte: conteúdo enviado pela agência de comunicação Weber Shandwick. A matéria dá bastante foco a atendimentos médicos e tratamentos farmacológicos, mas em muitos casos outros profissionais também são indicados para a atenção da pessoa idosa, e há ainda práticas promotoras de saúde coadjuvantes ou substitutivas, conforme o caso, à terapia medicamentosa.
Destaco do "Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde" (disponível para baixar em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/186468/6/WHO_FWC_ALC_15.01_por.pdf), da Organização Mundial de Saúde, o seguinte trecho, que contesta as justificativas dos planos de saúde para aumentos abusivos para faixas etárias acima de 59 anos de idade:
"Outra suposição comumente feita é de que as crescentes necessidades de populações maiores levarão a aumentos insustentáveis nos custos de saúde. Na realidade, esse cenário não está muito claro.
Embora a idade avançada seja geralmente associada a aumento nas necessidades relacionadas à saúde, a associação com a utilização de cuidados de saúde e das despesas é variável (14–17). De fato, em alguns países de alta renda, as despesas de saúde por pessoa caem significativamente após aproximadamente 75 anos de idade (enquanto as despesas com cuidados de longo prazo aumentam) (18–20). Uma vez que mais e mais pessoas estão chegando a idades mais avançadas, permitir que elas levem uma vida longa e saudável pode, portanto, realmente aliviar as pressões sobre a inflação nos gastos com saúde.
A associação entre idade e gastos com saúde também é fortemente influenciada pelo próprio sistema de saúde (21). Isso provavelmente reflete diferenças em sistemas de provedores, incentivos, abordagens de intervenções em adultos maiores frágeis e normas culturais, principalmente próximo ao falecimento.
Na verdade, não importa quantos anos temos, o período de vida associado com os maiores gastos de saúde está relacionado ao último ou dois últimos anos de vida (22). Porém, essa relação também varia significativamente entre os países. Por exemplo, cerca de 10% de todos os gastos com saúde na Austrália e nos Países Baixos, e cerca de 22% nos Estados Unidos, são incorridos no cuidado de pessoas durante o seu último ano de vida (23–25). Além disso, os últimos anos de vida tendem a resultar em gastos mais baixos com saúde nos grupos de idades mais avançadas.
Embora mais evidências sejam necessárias, prever custos futuros de saúde com base na estrutura etária da população é, portanto, um valor questionável. Isso é reforçado por análises históricas que sugerem que o envelhecimento tem muito menos influência sobre os gastos com saúde do que diversos outros fatores. Por exemplo, entre 1940 e 1990 nos Estados Unidos (um período de envelhecimento significativamente mais rápido da população já ocorrido), o envelhecimento parece ter contribuído apenas cerca de 2% dos gastos com saúde, enquanto as mudanças relacionadas à tecnologia foram responsáveis entre 38% e 65% de crescimento (19)."