Em
 junho de 2013 escrevi sobre a análise de dados 
glicêmicos como forma de auxiliar o controle do diabetes na coluna "A leitura de dados como auxilio para um melhor controle da glicemia". Na ocasião, citei os dois leitores de dados que utilizo para este fim - o smart pix, da Roche (que faz a leitura dos dados do aparelho de medir glicemia) e o carelink, da Medtronic (que faz a leitura dos dados do sensor de glicose intersticial da bomba de infusão de insulina). 
Depois 
de publicar essa primeira postagem, descobri que existe um aplicativo brasileiro 
que também possibilita a análise de dados e o estabelecimento de 
padrões, através de gráficos glicêmicos, e que ainda possui alerta de 
horários para tomar medicações e de consultas médicas. É o DMcontrol - Diabetes. Escrevi sobre ele na coluna "A leitura de dados como auxílio para um melhor controle da glicemia II - DMcontrol - Diabetes" em setembro de 2013. 
Mas este talvez seja um sonho impossível no contexto de um sistema capitalista de produzir necessidades de saúde, como vivemos atualmente, e não de produzir saúde, como precisamos.
Embora
 os 3 sistemas apresentem cada qual suas vantagens específicas, nos 
gráficos elaborados pelo smart-pix e pelo carelink, os dados são obtidos
 exclusivamente através dos leitores (que são comprados pelo valor entre
 R$ 200,00 e R$500,00), e pelo DMcontrol os dados devem ser inseridos 
manualmente pelo usuário no sistema.
Essas dificuldades foram solucionadas pelo iBGStar
 da Sonofi-Aventis, aparelho de medir glicemia que pode funcionar 
acoplado a um iphone e dispensa leitor, pois transfere as medidas 
glicêmicas para um banco de dados disponível no mesmo aplicativo que faz a leitura automática desses dados, dispensando também a inserção manual das glicemias obtidas ao longo do dia. 
No
 dia 07 de junho de 2014, a Sanofi promoveu um encontro de blogueiros em
 São Paulo para apresentar o produto, ressaltando duas grandes 
vantagens: a necessidade de pouco sangue para aferir a glicemia, e a 
conexão com iphone ou com ipod para medir a glicemia e para armazenar os
 dados no aplicativo do iBGStar.
Entretanto,
 não são essas as verdadeiras vantagens do iBGStar, até porque a gota de
 sangue requerida para medir a glicemia não é tão pequena quanto a 
anunciada, e porque apesar de dispensar o leitor, a elaboração dos 
gráficos glicêmicos pressupõe a propriedade de um iphone, que aqui no 
Brasil não custa menos que R$ 1.500,00 (no mínimo 3 vezes mais do que o 
smart-pix e o carelink), ou seja, só é vantajoso mesmo pra quem já tem o
 aparelho celular da apple.
Os verdadeiros trunfos
 do iBGStar são o tamanho diminuto do aparelho (que facilita o 
transporte), as fitas medidoras que prescindem de chip com código de 
ativação (e elimina um motivo de erro das medições bastante comum - 
falta de troca do chip), e o funcionamento sem necessidade de comprar 
pilha ou bateria, já que a bateria do aparelho recarrega na tomada.
Os
 gráficos glicêmicos elaborados pelo aplicativo do iBGStar podem ser 
enviados por email ao médico, assim como os gráficos do DMcontrol - 
diabetes. Já os gráficos do carelink (bomba de infusão com 
monitoramento) ficam armazenados numa página do paciente, que pode ser 
acessada diretamente pelo médico. No primeiro caso, a ferramenta de 
email facilita a vida dos médicos, e no segundo, a ferramenta do 
cadastro personalizado facilita a vida do paciente. 
Mas, assim como os demais métodos de aferição e leitura de dados glicêmicos tratados nas primeiras postagens, o iBGStar possui vantagens e desvantagens. 
O
 aparelho é acoplável e legível apenas por smartphones com sistema IOS 
(iphones). Embora durante a conversa com blogueiros os representantes da
 Sanofi tenham se referido a uma futura versão para android (o que 
deveria ser também estendido para windows phone), encontrei a mesma 
promessa numa postagem do sítio americano Diabetes Mine, que continua sendo não cumprida.
Nessa
 matéria do Diabetes Mine existem 51 comentários de leitores sobre 
problemas variados de desabastecimento das fitas, preço dos insumos (na 
conversa com blogueiros não recebemos qualquer informação a respeito), 
problemas com a acurácia do aparelho e muitas outras queixas, mas há 
também muitos elogios ao iBGStar.
Mas o que me chamou a atenção mesmo foi a data da postagem: setembro de 2011. Há mais de 2
 anos os americanos podem fazer uso do iBGStar, que chegou ao Brasil 
apenas agora em 2014. E demorou tanto pra chegar que o seu conector não é
 compatível com as versões mais atuais do iphone (a partir de 5), que 
necessitam de um adaptador.
Também não entendo o motivo da conexão do iBGStar ser possível com o iphone e o ipod, mas não com o ipad. Talvez seja pelo fato de eliminar a vantagem do tamanho menor do aparelho, mas essa é uma escolha que deveria ser do usuário, e não da empresa que comercializa o sistema. 
Por estas razões, 
embora apresente vantagens em ser um aparelho diminuto, ter bateria 
recarregável e dispensar chip para leitura das fitas medidoras e leitor 
de dados, não vejo nada de revolucionário no iBGStar.
Revolucionário
 mesmo seria o aparelho que fizesse a leitura da glicemia com utilização
 de qualquer fita medidora, e que tirasse a gota de sangue do dedo com 
qualquer tipo de lanceta e lancetador. 
Desde
 os primeiros modelos vendidos no século passado, cada aparelho de medir
 glicemia tem seus próprios insumos (fitas medidoras, lancetas e 
lancetadores) e funcionam apenas com eles, gerando um excelente negócio 
de comércio de clientes cativos - incluindo nesse grupo entidades 
governamentais.
aparelhos, lancetadores, fitas medidoras e lancetas
Se
 as empresas que fabricam esses aparelhos (Sanofi, Roche, Johnson 
&Johnson, etc) lançassem um produto que permitisse a verificação da 
glicemia a partir da leitura de qualquer fita medidora, e através da 
punção capilar com qualquer tipo de lanceta e lancetadore, poderíamos de
 fato escolher o que é melhor para nós portadores de diabetes.
Isso
 também eliminaria os problemas que ocorrem num processo judicial ou 
administrativo quando o Estado pretende fornecer uma fita medidora mais 
barata que o aparelho do diabético não lê, e uma lanceta mais barata que não se encaixa no lancetador do paciente. 
Ou
 mesmo no caso de mudança da empresa fornecedora em licitações públicas,
 pois no modelo atual, mudando o aparelho, mudam também as fitas, 
lancetas e lancetadores. Com a leitura e punção universal, não seria 
necessário modificar as fitas, lancetadores e lancetas fornecidas, 
apenas e eventualmente o aparelho de medir a glicemia.







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